quarta-feira, 20 de abril de 2011

FOMES E MAUS- TRATOS

Até pouco tempo atrás, os homens das famílias do Bonfim trabalhavam no plantio da cana, na lida com o agave e na produção de rapadura e aguardente no engenho, na condição de trabalhadores-moradores. Recebiam salário irrisório, que, segundo eles, não dava para cobrir o que era comprado na mercearia, também propriedade dos donos do engenho. Os homens eram obrigados a trabalhar entre quatro a seis dias da semana no engenho em troca da moradia e de um pequeno espaço de terra para fazer roças.

Os administradores da fazenda sempre se mantinham vigilantes para impedir que o tamanho da área plantada aumentasse e, dessa forma, as famílias se viam obrigadas a comprar praticamente todos os gêneros alimentícios na mercearia.

Ainda não foram apagadas da memória dos mais velhos as recordações de períodos de fome, maus-tratos, inclusive físicos, por parte do proprietário ou de seus gerentes ou administradores. Na falta de alimento de qualidade, as famílias driblavam a fome com a polpa da semente da palmeira Macaíba.

“Antes a gente tinha dificuldade de ter o próprio alimento. Agora temos para sobreviver e ainda temos de sobra, para vender e comprar o que a gente não produz aqui”, afirmou, entre lágrimas, Geraldo Gomes de Maria.

Nenhum comentário:

Postar um comentário