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Quando se fala em água num estado com a maior parte de seu território
formado pelo semiárido, o tema da escassez parece repetitivo. Mas o
enfrentamento desse problema cíclico na Paraíba, principalmente quando chega a
época das chuvas e elas não chegam, faz perceber que já vivemos há muitos anos
a crise da água que é prevista para o mundo daqui a alguns anos. Dados recentes
divulgados pela Companhia de Abastecimento de Água da Paraíba, a Cagepa,
revelam que cerca de 30% das cidades do estado enfrentam falta de água. Já são
20 localidades em colapso total no abastecimento e 48 sob racionamento. São
quase 200 mil paraibanos sem água regularmente e dependendo de reservatórios
domésticos e de carros pipas.
E a crise não se limita somente a regiões conhecidamente castigadas
pela seca, como o Sertão e o Cariri. Ela penetra pelo Agreste adentro,
atingindo cidades acabaram sendo incluídas pelo Ministério da Integração
Nacional na área geográfica de abrangência do semiárido, como Esperança como
Montadas e Algodão de Jandaíra.
Além delas estão em colapso no abastecimento Nova Floresta, Cuité,
Serra Redonda, Remígio, Puxinanã e Areial, também no Agreste; Riacho Santo
Antônio, no Cariri; Desterro, Cacimbas, São João do Rio do Peixe, Carrapateira
e Triunfo, no Sertão; e ainda os distritos de São Miguel(Esperança), Lagoa do
Mato (Remígio), Cepilho (Areia), Pindurão (Camalaú) e Gravatá (São João do Rio do
Peixe).
De acordo com a Diretoria de Operações da Cagepa, essas localidades
estão com os mananciais que as abastecem totalmente secos, sem condições de
atendimento. O abastecimento está sendo feito através de carros pipas pelas
prefeituras municipais, Exército e pela Defesa Civil do Estado.
Quanto aos municípios em racionamento, eles também estão localizados
nessas três regiões de abrangência do semiárido. São eles, Barra de São Miguel,
Umbuzeiro, Nova Palmeira, Campina Grande, Barra de Santana, Caturité,
Queimadas, Pocinhos, Lagoa Seca, Matinhas, São Sebastião de Lagoa de Roça,
Alagoa Nova, Aroeiras, Gado Bravo, Nazarezinho, Bom Sucesso, Brejo dos Santos,
Santa Cruz, Vieirópolis, Lastro, São Francisco, Riacho dos Cavalos, Jericó,
Mato Grosso, Arara, Casserengue, Bélem, Caiçara, Logradouro, Solânea, Riachão,
Tacima, Dona Inês, Damião, Bananeiras, Cacimba de Dentro, Araruna, Monte Horebe
e os distritos de Galante e São José da Mata (Campina Grande), Novo Pedro Velho
(Aroeiras), São Pedro (Santa Cruz), Riachão, Braga, Rua Nova (Belém), Barreiros
e Logradouro (Cacimba de Dentro), e Cozinha (Dona Inês).
Há segurança hídrica, de acordo com a Diretoria de Operação da Cagepa,
somente na região litorânea do estado. Na Grande João Pessoa, por exemplo, não
há risco de falta d'água. O sistema de abastecimento é feito através dos
mananciais Gramame- Mamuaba, que está com 80,07% de sua capacidade, e de Marés, que conta
com 93,97% da capacidade de armazenamento do produto.
Situação se agrava
A tendência, no entanto, é o agravamento da situação porque mesmo com a
incidência de chuvas registradas no ano passado e neste início de ano, os
mananciais que abastecem a maioria dos municípios, principalmente das regiões
do Cariri, Sertão e Agreste, não acumularam água suficiente para trazer
tranquilidade ao abastecimento.
As chuvas registradas são muito localizadas e na maioria das vezes não
caem em locais apropriados ao acúmulo nos reservatórios que continuam secos ou
quase secos. No Sertão do Estado, pelo menos 18 mananciais estão no nível mais
baixo desde que foram construídos, segundo informações do Departamento Nacional
de Obras contra as Secas (Dnocs).
A crise é grande e para ter uma ideia, basta compararmos a capacidade
hídrica da Paraíba, que é de 3,7 bilhões de metros cúbicos de água, com o que o
estado dispõe atualmente, que é de 789,9 milhões de metros cúbicos, ou seja,
estamos apenas 21% da capacidade hídrica.
Desperdício deve ser evitado
A conscientização da população sobre a importância da preservação e do
uso racional da água é o grande desafio enfrentado pelas agências, companhias e
secretarias ligadas à questão na Paraíba. A Cagepa informou que vem fazendo uma
campanha educativa junto à população com essa finalidade.
Além disso, vem desenvolvendo ações que objetivam diminuir o
desperdício da água desde a sua produção até a distribuição à população que na
Paraíba chega a 37%, conforme a Assessoria de Planejamento da Companhia.
Entre essas ações estão a substituição de hidrômetros, a instalação de
macromedidores e a automação de sistemas. A Cagepa informou, ainda, que está
incrementando equipes para retirada de vazamentos e fazendo a substituição de
trechos de redes de distribuição de água antigas.
Outra ação nesse sentido é o projeto de melhoria no call center, que
conforme a empresa, visa agilizar, dentre outras coisas, o recebimento e o
encaminhamento de avisos de vazamento com maior rapidez. E para reduzir o
número de vazamentos, vem sendo posto em prática o projeto de setorização para
reequilibrar as pressões nas redes de distribuição de água.
A Cagepa também disse que tem intensificado a fiscalização de águas
cortadas e de desvios fraudulentos; a companhia informou que tem um projeto de
melhoria do call center, visando agilizar, dentre outras coisas, o recebimento
e o encaminhamento de avisos de vazamentos com maior rapidez; projeto de
setorização, visando reequilibrar as pressões nas redes de distribuição de
água, o que deve reduzir o número de vazamentos.
Fonte: Luciana Rodrigues
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