O cartaz da CF 2015 retrata o Papa Francisco lavando os
pés na Quinta feira Santa de 2014. A Igreja atualiza o gesto de Jesus Cristo ao
lavar os pés de seus discípulos. O lava pés é expressão de amor capaz de levar
a pessoa a entregar sua vida pelo outro. É com este amor que todo ser humano é
amado por Deus em Jesus Cristo. Ao entregar-se à morte de cruz e ressuscitar,
como celebramos na Páscoa. Jesus leva em plenitude o ‘Eu vim para servir’ (cf.
Mc 10,45).
A Igreja Católica, através de suas comunidades, participa
das alegrias e tristezas do povo brasileiro. O Concílio Vaticano II veio
iluminar a missão da Igreja que é evangelizar. Evangelizar pelo testemunho
dialogando com as pessoas e a sociedade. No diálogo a Igreja (as comunidades),
está a serviço de todas as pessoas. Ao servir ela participa da construção de
uma sociedade justa, fraterna, solidária e de paz. No serviço ela edifica o
Reino de Deus.
Amados irmãos e irmãs,
Tempo de renovação para a Igreja, para as comunidades e
para cada um dos fiéis, a Quaresma é sobretudo um “tempo favorável” de graça
(cf. 2 Cor 6, 2). Deus nada nos pede, que antes não no-lo tenha dado: “Nós
amamos, porque Ele nos amou primeiro” (1 Jo 4, 19). Ele não nos olha com
indiferença; pelo contrário, tem a peito cada um de nós, conhece-nos pelo nome,
cuida de nós e vai à nossa procura, quando O deixamos. Interessa-Se por cada um
de nós; o seu amor impede-Lhe de ficar indiferente perante aquilo que nos
acontece. Coisa diversa se passa connosco! Quando estamos bem e comodamente
instalados, esquecemo-nos certamente dos outros (isto, Deus Pai nunca o faz!),
não nos interessam os seus problemas, nem as tribulações e injustiças que
sofrem; e, assim, o nosso coração cai na indiferença: encontrando-me
relativamente bem e confortável, esqueço-me dos que não estão bem! Hoje, esta
atitude egoísta de indiferença atingiu uma dimensão mundial tal que podemos
falar de uma globalização da indiferença. Trata-se de um mal-estar que temos
obrigação, como cristãos, de enfrentar.
Quando o povo de Deus se converte ao seu amor, encontra
resposta para as questões que a história continuamente nos coloca. E um dos
desafios mais urgentes, sobre o qual me quero deter nesta Mensagem, é o da
globalização da indiferença.
Dado que a indiferença para com o próximo e para com Deus
é uma tentação real também para nós, cristãos, temos necessidade de ouvir, em
cada Quaresma, o brado dos profetas que levantam a voz para nos despertar.
A Deus não Lhe é indiferente o mundo, mas ama-o até ao
ponto de entregar o seu Filho pela salvação de todo o homem. Na encarnação, na
vida terrena, na morte e ressurreição do Filho de Deus, abre-se definitivamente
a porta entre Deus e o homem, entre o Céu e a terra. E a Igreja é como a mão
que mantém aberta esta porta, por meio da proclamação da Palavra, da celebração
dos Sacramentos, do testemunho da fé que se torna eficaz pelo amor (cf. Gl 5,
6). O mundo, porém, tende a fechar-se em si mesmo e a fechar a referida porta
através da qual Deus entra no mundo e o mundo n’Ele. Sendo assim, a mão, que é
a Igreja, não deve jamais surpreender-se, se se vir rejeitada, esmagada e ferida.
Por isso, o povo de Deus tem necessidade de renovação,
para não cair na indiferença nem se fechar em si mesmo. Tendo em vista esta
renovação, gostaria de vos propor três textos para a vossa meditação.
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