Mal armazenamento da água pode ser um dos motivos. Paraíba tem 53
cidades com risco de surto da dengue.
A falta de água pode estar contribuindo para os altos índices de
infestação do mosquito Aedes aegypti em cidades paraibanas. Segundo a
vigilância ambiental, os focos dos mosquitos têm crescido em algumas cidades da
Paraíba e o motivo, na maioria das vezes, é o mal armazenamento da água.
No último Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa),
divulgado pelo Ministério da Saúde no mês de março, 53 cidades da Paraíba
apresentavam risco de surto da dengue, com índice de infestação de mais de 4%.
Diante da meta estabelecida pelo Ministério da Saúde, o índice de 1% é
considerado satisfatório e 1% e 3,9%, a situação é de alerta.
A cidade de Puxinanã, no Agreste do estado, tem cerca de 13 mil habitantes
e apresenta um dos maiores índices de infestação entre as cidades com risco de
surto de dengue na Paraíba, com 10,3%. O supervisor da vigilância ambiental do
município, Carlos Alberto, acredita que a seca faz com que as pessoas armazenem
mais água dentro de casa e que isso tem aumentado os focos do mosquito na
cidade.
“Eu atribuo este índice ao colapso no abastecimento de água na cidade.
Com isso, aumenta a quantidade de reservatórios nos domicílios e
consequentemente aumentam os focos. Estes depósitos são reabastecidos duas
vezes por semana com o carro pipa e a gente aplica o larvicida para a duração
de dois meses. Quando a pessoa reabastece o depósito pela segunda vez na mesma
semana, o larvicida já não faz mais efeito. Por isso que todas as vezes que a
gente passa nestes domicílios, a cada dois meses, aumenta o índice de
infestação predial”, explica Carlos Alberto.
A situação também é verificada em municípios do Sertão paraibano. Na
cidade de Desterro, cujo último índice de infestação registrado foi de 17,5%,
os agentes da vigilância ambiental encontram outro problema, além do mal
armazenamento da água. “São tanques de difícil acesso e casas que estão
fechadas. Às vezes o dono mora na zona rural ou está viajando e acaba que no
dia da visita a gente não tem acesso”, explica a agente Maria Célia.
De acordo com o secretário municipal de saúde, Rubens Marques, o
armazenamento de água de forma inadequada também é uma das razões para o
aumento nos focos. “O cuidado para evitar a dengue não é só um trabalho nosso
enquanto secretaria. Os moradores têm que ter cuidado em casa, olhar
recipientes e vasos com plantas, cubrir os tambores, potes e caixas de água.
Este tem que ser um trabalho coletivo”, diz.
O agente Fernando Firmino visitou uma das residências na cidade de
Puxinanã e mostrou como cuidar para evitar que o mosquito entre nos
reservatórios. “Colocar uma bacia para tampar um tonel não faz uma vedação
perfeita. A bacia é provisória e o mosquito, por ser um inseto pequeno, vai
entrar de todo jeito. O ideal é usar uma tampa que feche completamente ou
colocar um pano ou plástico com uma liga prendendo em volta do tonel para ele
ficar 100% fechado”, recomendou.
Veja a lista das cidades em situação de risco de epidemia da dengue na
Paraíba:
Água Branca (11%), Alagoa Grande (6,5%), Alagoa Nova (7,5%), Amparo
(4,3%), Aparecida(4%), Araruna (5,4%), Areia de Baraúnas (4,6%), Barra de
Santana (4,1%), Bom Jesus(11,1%), Bom Sucesso (11,5%), Brejo dos Santos (8,3%),
Cacimba de Dentro (4%), Caiçara(4,3%), Cajazeiras (9,4%), Campina Grande
(4,4%), Caraúbas (7,2%), Carrapateira (5,3%),Catolé do Rocha (19,2%), Desterro
(17,5%), Emas (4,6%), Fagundes (6%), Frei Martinho (5%),Imaculada (8,1%),
Itabaiana (6,5%), Itatuba (5,2%), Jericó (4,7%), Juazeirinho (7,2%),Juripiranga
(5,6%), Lagoa Seca (7,1%), Malta (11,4%), Maturéia (4,6%), Monteiro
(6,1%),Mulungu (4,4%), Ouro Velho (8,2%), Patos (5%), Pedra Lavrada (5,3%),
Picuí (7,2%), Puxinanã (10,3%), Queimadas (4,1%), Riachão do Poço (4,1%),
Riacho dos Cavalos (6%), Salgadinho(4%), Santa Terezinha (5,6%), São Bento
(7,9%), São José de Caiana (4,5%), São José dos Ramos (4,1%), São Sebastião do
Umbuzeiro (6,7%), Sapé (4,4%), Seridó (7,4%), Serra Grande (4,5%), Solânea
(7,6%), Sousa (4,3%), Teixeira (6,9%).
G1 PB
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