terça-feira, 17 de novembro de 2015

Mulher de Areia

Guerreira. Determinada. Lutadora. Idealista. Líder. Coordenadora.

Não me refiro a nenhuma personagem da novela que teve como protagonistas as irmãs Ruth e Raquel. Estou falando de uma heroína real, que com sua liderança nata e com a ajuda do turismo, colocou comida na mesa de uma comunidade inteira. Formada em História, Luciana Balbino, coordenadora do projeto da Associação para o Desenvolvimento Regional da Comunidade de Chã do Jardim, localizada em Areia, no brejo paraibano, viu no setor e no empreendedorismo a saída na busca de melhores condições de vida para uma população carente de sua região.

O restaurante remete a casa da vó para uns, a casa no sítio para outros. No entanto, o ambiente e a atmosfera agrada a todos
Distante a 118 km de João Pessoa e 45 km de Campina Grande, a comunidade Chã do Jardim está inserida dentro do último 1% de Mata Atlântica de brejo de altitude existente no Estado da Paraíba. Por esse motivo, o local sempre foi destino ideal para os amantes de trilhas ecológicas e selvagens.

Criado em 2006, o projeto Doce Jardim veio para mudar a rotina e a vida dessa população.  Tudo começou com a criação do programa “Piquenique na Mata”, com foco principalmente nos turistas que passavam pelo local e com objetivo de gerar divisas para os moradores da Chã de Jardim. Em seguida, veio a reabertura da fábrica de polpas de frutas. O estabelecimento foi construído em 1996, mas ficou desativado por dez anos.

Depois disso, tendo como base a palha de bananeira, algumas mulheres da Chã do Jardim ingressaram na fabricação de artesanatos. E, por fim, há dois anos foi inaugurado o Vó Maria,  restaurante onde os pratos são preparados com hortaliças orgânicas produzidas ali mesmo, sob a supervisão de quem senta em uma das suas cadeiras artesanais e admira o ambiente rústico. A decoração? Uma autêntica e aconchegante casa de vó.

Entrada do espaço onde está localizado o restaurante, a fábrica de polpa e a loja de artesanatos

 
Loja de artesanato. Eu comprei um vidro de pimenta por R$ 8. A vontade é de levar tudo o que se vê pela frente

EMPREGOS E GERAÇÃO DE RENDA

A comunidade Chã do Jardim emprega diretamente 60 empregos, na fábrica de polpa de fruta, artesanato, restaurante Vó Maria e na recepção de turistas, que por sua vez, têm uma interação profunda com a comunidade. No entanto, o impacto econômico atinge indiretamente mais de 200 pessoas.

Hoje, só a fábrica de polpa, por exemplo, produz  230 kg de polpa por dia. Tudo é certificado e vistoriado pelo Ministério da Agricultura. Polpa orgânica, sem conservantes, sem água e sem nenhum produto químico. Além de ser usado no restaurante, a polpa também é vendida aos turistas por aproximadamente R$ 10 o pacote e comercializada para restaurantes e hotéis de Areia e região.

O artesanato com palha de bananeira gera principalmente bolsas para mulheres, que são vendidas entre R$ 10 e R$ 50 e ganharam nome além das terras paraibanas. O produto é importado é facilmente encontrado em outras regiões do País, como por exemplo, Porto Alegre.

“Fico feliz em poder ajudar a comunidade Chã do Jardim. Por quantas vezes eu não soube que essas famílias não tinham o que colocar para comer em suas mesas. Com a ajuda da associação, do Sebrae e do Governo da Paraíba, essas pessoas conseguem trabalhar e gerar suas próprias receitas”, explica Luciana, com os olhos cheios de lágrimas.

E o resultado disso pode ser mensurado pelos diversos prêmios concedidos à associação. Um deles é bastante conhecido do nosso setor. Luciana foi premiada na terceira edição do Prêmio Braztoa de Sustentabilidade. “Graças ao turismo e a tudo o que eu e as demais pessoas da comunidade aprendemos nos cursos do Sebrae, nossa vida melhorou muito nos últimos anos. Prova disso é o sucesso que vemos diariamente, quando ônibus lotados de turistas param aqui para nos conhecer. Já registramos em um único dia, na hora do almoço, mais de 300 visitantes, sem contar os 100 que não quiseram esperar e foram embora”.

Olha aí Mônica Samia, Magda Nassar e outros colegas da Braztoa.

O pôr do Sol visto do restaurante

Luciana Balbino, assumiu seu espírito de liderança para ajudar uma comunidade carente

Eu não me aguentei e pedi para tirar foto com a dona de uma das histórias mais bonitas que eu já ouvi
Fonte: blog.panrotas.com.br
Fotos: blog.panrotas.com.br

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