Oficinas são realizadas em área do Bosque Fábio Barreto
Aderaldo é doutor e mestre em Ciência da Literatura e autor de obras de cordel (Paulo Amaral / Divulgação) |
As rimas ricas, a simplicidade dos versos, a forma lúdica e as
xilogravuras fazem da literatura de cordel uma forma poética
essencialmente brasileira. Uma arte genuína e com estética única que
pode ganhar os currículos escolares.
É com o foco em levar essa
arte aos estudantes do Brasil, que o projeto ‘Histórias que Ganham o
Mundo’ promove hoje duas oficinas em Ribeirão, com o cordelista
paraibano Aderaldo Luciano.
Seja pela falta de conhecimento sobre o
assunto ou abordagens superficiais nas escolas, o cordel brasileiro
ainda é visto como folclore e não como cultura legítima do país.
“Estamos empenhados em reverter esse quadro e fundar um currículo em que
o cordel seja protagonista”, diz Aderaldo.
Apesar de lembrar a
literatura de cordel portuguesa, o folheto de cordel nordestino tem
conteúdo e poética únicos. Arte que surgiu no Brasil no final do século
19, criada pelo poeta Leandro Gomes de Barros, que nasceu no sertão da
Paraíba e logo a reproduziu no papel para vender em Recife, após
mudar-se para a capital pernambucana.
Nordestina na origem, mas
universal nos temas. O amor, a vingança, o ódio, a morte e os problemas
políticos são abordados em suas rimas.
E se, no início, eram os
poetas populares que produziam os cordéis - embora não pudessem ser
designados assim, já que faziam parte de uma elite, em que apenas 5% da
população brasileira sabia ler, na época - hoje são os poetas que
passaram pelas universidades que continuam mantendo o cordel nos moldes
da sua origem.
Aguçar o olhar para saber distinguir essa
literatura de outras formas poéticas, é o que os participantes irão
aprender nas oficinas de hoje em Ribeirão Preto.
Tecnologia
Da
sua origem dos folhetos vendidos pendurados em barbantes - que se
chamavam cordéis -, essa literatura conquistou outros meios. Para
Aderaldo, os avanços tecnológicos servem ao cordel como suporte para sua
sobrevivência, tanto que já há cordelistas que trabalham com o virtual.
“Onde quer que esteja gravado, seja numa pedra, na tela do cinema ou em
um HD do computador, ele tem esse diálogo.” Nessa visão, o cordel não é
relegado ou esquecido e estará cada vez mais presente nos eventos
culturais, ocupando seu lugar, mostrando sua força e conquistando os
jovens. “Qual a criança ou adolescente que não gosta de rimar? Nesse
sentido se percebe o diálogo muito comum entre o rap e o cordel, entre o
funk e o cordel...”, ressalta Aderaldo.
Na oficina, será ensinada a técnica da isogravura (foto: Paulo Amaral / Divulgação) |
Doutor do cordel
Aderaldo é doutor e mestre em
Ciência da Literatura e autor de obras de cordel. Já debateu essa forma
literária em festivais na Europa e participa de projetos Brasil afora
ensinando e divulgando o cordel. Apresenta o quadro ‘Cordel De Notícias’
na Rádio Globo.
Serviço
OFICINA DE CORDEL
Quando: Hoje, das 9h30 às 11h30, e das 15h30 às 17h30
Onde: Salão da Casa da Ciência, no Bosque de Ribeirão Preto (rua da Liberdade, s/nº)
Quanto: Grátis - Inscrições pelo e-mail produção@imagini.art.br ou (11) 2866-5923
Quando: Hoje, das 9h30 às 11h30, e das 15h30 às 17h30
Onde: Salão da Casa da Ciência, no Bosque de Ribeirão Preto (rua da Liberdade, s/nº)
Quanto: Grátis - Inscrições pelo e-mail produção@imagini.art.br ou (11) 2866-5923
23/05/2017
A CidadeON/Ribeirão
Valeska Mateus